• Estimulando Eureka

A cama é o casulo do homem. O asfalto, o trilho por onde os discos rusticos de seus pensamentos deslizam.

   Chacoalhando os vagões de sua conciencia a cada pedregulho a cada pequeno salto entre a rua e o meio fio. Escapam os passageiros, por entre as janelas de seu nariz, escorregando pela geléia de seus olhos. Saltam sem destino como esperma sem domicilio, que igualmente de um saculejo vazio, de saudades, desejo e solidão, desliza por um cano de esgoto, ao esquecimento.

Passageiros dos vagões sem numero.

A cama é o casulo do homem. O asfalto, trilho do seus pensamentos.

   Saculejando os vagões até que sóbre poucos passageiros. Escolhidos à sorte, remanescentes do subconsciente. Esses chegam ao destino, e chegando la, grudam um no outro, braço, perna, pescoço; boca no queixo, mão no peito, saco no ombro, ouvido no olho. Num orgasmo metamórfico nasce uma entidade. Entidade deformada, cinzenta e rosa. Essa entidade se divide em duas: a cinza e a rosa.
   Duas possibilidades coexistindo no mesmo lugar, na estação de trem. Rosa como carne, cinza como vestimentas. Uma prosseguirá  até o casulo, outra morrerá, seus restos mortais serão usados - farão parte de novos vagões sem numero. Deslizando pelo asfalto, saltando pedregulho.

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